Copom eleva Selic mais uma vez: entenda impactos no mercado imobiliário
O Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil elevou, mais uma vez, a taxa Selic, para 12,25% ao ano, um aumento de 1 ponto percentual – o maior desde maio de 2022. O aumento é uma resposta da instituição ao “impulso fiscal governamental” recente, e teria como objetivo controlar a inflação projetada em 4,84% para 2024, acima da meta de 4,5% estabelecida pelo próprio Copom. O ajuste na taxa básica de juros, no entanto, traz impactos negativos para diversos setores, com destaque para o mercado imobiliário.
Os juros mais altos tornam o financiamento imobiliário mais caro, reduzindo o interesse do consumidor por imóveis novos. A Caixa Econômica Federal, por exemplo, já havia lançado linhas de crédito com juros mais altos, seguindo uma tendência de elevação nas taxas do setor.
O professor Gilberto Braga, do Ibmec, explica que os juros elevados se transformam numa “maior barreira para quem precisa sair do aluguel”, pois o custo da entrada no financiamento se “torna um obstáculo”.
A construção civil também é impactada pelo ciclo de alta da Selic, que se reflete em alta nos custos de maquinário e matérias-primas, pressionados também pelo dólar valorizado. Na outra ponta, isto significa encarecimento do preço final dos imóveis, dificultando ainda mais a aquisição.
A alta dos juros também traz consequências para o crédito das empresas, elevando os custos de novos negócios e limitando investimentos. As taxas mais elevadas inibem o consumo, impactando diretamente as vendas e contratação de pessoal, explica o professor Gilberto Braga. “O empresário se questiona: o quanto eu vou vender com um novo negócio? Taxas mais elevadas inibem consumo. Os dois vetores de tomada de decisão empresarial dificultam a expansão”.
Por outro lado, no mercado financeiro, a Selic mais alta favorece aplicações em renda fixa, como o Tesouro Selic, que oferecem maior rentabilidade. Já os títulos prefixados perdem atratividade, exatamente porque mantêm taxas fixas diante do aumento dos juros.
A atividade econômica como um todo tende a desacelerar em um cenário de altos juros, com o consumo de bens duráveis prejudicado pelas linhas de crédito mais caras.
Fonte: O Globo